Até quando importaremos Cloreto de Potássio?

por Eng. de Minas Mario A. Ortega Noriega
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Foto: Divulgação Potássio do Brasil

Depois de estar nas manchetes de jornais e reportagens de TV nas últimas semanas, por conta das sanções de guerra impostas a Rússia e Bielorrússia, ficou um questionamento quanto a real dependência do Brasil perante o Cloreto de Potássio importado destes dois países. O Brasil pode ser autossuficiente em Cloreto de Potássio??

Foto: Divulgação Potássio do BrasilA resposta é sim, como observaremos abaixo.

O presente Estudo foi elaborado pela Ekomine apenas levando em consideração os estados de Roraima, Pará, e parte do estado de Amazonas.

A grande dependência do Cloreto de Potássio importado, como nutriente agrícola, criou uma situação dramática para o agronegócio brasileiro, gerando um aumento dos custos operacionais das lavouras.

Como o Cloreto de Potássio tem um teor bastante elevado de potássio em sua composição (53%), aliado a uma disponibilização rápida para as plantas, tais características fizeram dele uma das fontes de potássio mais utilizadas na agricultura.

No Brasil, o Cloreto de Potássio é largamente utilizado no manejo agrícola. Dados do Ministério da Agricultura mostram que quase a totalidade do KCl usado no Brasil, 96,5%, é importado de países que compõem o oligopólio de produção do fertilizante no mundo: Rússia, Bielorrússia e Canadá.

Ao elaborarmos este estudo, ficou muito claro que a realidade é bem diferente. O Brasil possui reservas do Cloreto de Potássio gigantescas, principalmente na Região Amazônica (80% fora das Áreas Indígenas). Neste levantamento, verificamos que estas áreas estão registradas na Agencia Nacional de Mineração, com toda a identificação, nome do requerente, CNPJ/CPF, município, estado, coordenadas geográficas, minério requerido e área requerida em hectares e situação legal perante o Ministério das Minas e Energia – MME.

Existem pelo menos 400 ou mais áreas requeridas, nos estados de Roraima, Pará e Amazonas totalizando 400 x 10.000 = 4.000.000 de hectares.

Nosso estudo foi orientado para ser realizado estado por estado, inicialmente em Roraima e no Pará e posteriormente os restantes dos estados da Amazônia Legal. Chamo a atenção para a grande incidência de requerimentos na fronteira dos estados Pará e Amazonas, inclusive com áreas que já possuem a Portaria de Lavra. Estes requerimentos mais antigos são principalmente da PETROBRAS e os novos requerimentos, são de empresas como a GBG TRADE CONSULT GROUP EIRELI, DNPM 880.025/2022 protocolado em 02/02/2022.

PRINCIPAIS REQUERENTES:

1.- PETROBRAS – Silviníta e Sais de Potássio em princípio 40 áreas de 10.000 ha. A Petrobras tem 06 áreas com Portaria de Lavra num total de 60.000 hectares: DNPM 880.119/1980

2.- POTÁSSIO OCIDENTAL MINERAÇÃO LTDA. Aproximadamente 34 áreas requeridas de 10.000 ha. Como referência um processo DNPM 880.453/2008.

3.- POTÁSSIO DO BRASIL LTDA.
Aproximadamente 45 áreas requeridas de 10.000 ha. Como referência um processo DNPM 850.295/2008.

4.- AMARILLO MINERAÇÃO DO BRASIL LTDA. Aproximadamente 60 áreas requeridas de 10.000 ha. Como referência um processo DNPM 880.745/2008.

5.- FALCON METAIS LTDA. Aproximadamente 40 áreas requeridas de 10.000 ha. Como referência um processo DNPM 851065/2008

6.- MINERAÇÕ SULAMERICANA LTDA. Aproximadamente 20 áreas requeridas de 10.000 ha. Como referência um processo, DNPM 851.042/2013

7.- GBG TRADE CONSULT GROUP EIRELI
Aproximadamente 20 áreas requeridas de 9.894,09 ha. Como referência um processo, DNPM 880.025/2022

Baseado no SIGMINE – ANM – MME, Documento Público, foi feita uma estimativa do número de áreas requeridas de aproximadamente 400 (número que pode ser verificado e validado junto a ANM).

A partir deste estudo, podemos afirmar que, havendo vontade política e administrativa, o Brasil é sim autossuficiente em Cloreto de Potássio e inclusive, poderia ser mais um grande exportador.

Observações:

Importante lembrar que, quando da implantação da Lavra destas reservas, serão nescessários estudos minuciosos e Projetos de Engenharia altamente eficientes de forma a evitar a “Subsidência”, fato este que ocorreu na cidade de Berezniki, Montes Urais – Rússia na mina de Cloreto de Potássio e na cidade de Maceió, no Estado de Alagoas, na mina de Cloreto de Sódio.

Vale ressaltar que, as autoridades já sabem que o país tem uma reserva importante de Cloreto de Potássio a muito tempo, como podemos observar nessa nota do próprio IBRAM, de abril de 2009.

CRV/MG, 20/03/2022
Eng. de Minas Mario A. Ortega CREA 7547/D – MG
www.ekomine.com

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